Música para falar da alma feminina

| 7 de jun. de 2014 | , , |

Publicação do Jornal Diário do Grande ABC
Matéria de Vinícius Castelli



De família festeira, Alexandra Nicolas cresceu ouvindo seu pai e tios tocando nas rodas de samba em casa. Desde então já cantava aqui e ali. O repertório tinha temas de compositores como Silvio Cesar, Assis Valente e Aracy de Almeida.
Agora, samba de roda, forró, baião e coco ilustram Festejos (Acari Records, R$ 30 em média), seu álbum de estreia. Tudo gira em torno da alma da mulher brasileira. A artista maranhense canta sobre as iaiás do Rio de Janeiro e Pernambuco, as morenas artesãs da Paraíba e as lavadeiras, tudo arranjado ao som de bandolim, cavaquinho, tambores, agogô, pandeiro, violão, reco-reco, prato e até faca.
A direção da obra fica por conta da cavaquinhista Luciana Rabello. Alexandra conta com a participação de nomes como Maurício Carrilho e João Lyra (violão), Pedro Amorim (bandolim) e Celsinho Silva (pandeiro).
O repertório é um passeio na obra do compositor e poeta Paulo Cesar Pinheiro, que já escreveu para diversos artistas brasileiros. Algumas das faixas são assinadas ao lado de parceiros, como é o caso de Lavadeira, que tem no crédito Wilson das Neves. Já Roda das Sete Saias conta também com o baiano Roque Ferreira.
Com foco nas figuras femininas, Alexandra encontrou diversos outros universos nas letras de Paulo Cesar Pinheiro. “Quando recebi esse presente do Paulinho Pinheiro, fiquei encantada como ele falava da mulher na sua poesia. Nem ele imaginava. Para ele foi uma surpresa esse encantamento tão específico, ver essas mulheres na sua poesia. Desde então, eu só conseguia ver a maneira como ele falava da vida e da mulher do povo. Talvez por ser filha de mãe solteira, e ter sido criada por três mulheres: minha mãe, minha tia e minha avó”, diz Alexandra.
Ela conta que fez um mergulho muito mais profundo no baú de letras do compositor, “e lá fiquei por um bom tempo, sem pressa e já encantada com o universo feminino da sua poesia”, diz. “Quanto mais eu ouvia, mais eu queria saber dessas mulheres. E assim escolhemos juntos as canções que compõem meu primeiro disco.”
A temática que a encantou foi a mulher na sua maior simplicidade, as personagens. Alexandra vê, sente o movimento delas que, para a cantora, pintam o retrato do Brasil. “Os tambores da minha terra, a sensualidade na lida diária, a delicadeza artesanal, a vitória da mulher negra, o namoro na vila de pescadores, a busca pelo sustento e a luta da mãe solteira para criar seus filhos, ainda ter fé na vida e transformar em canto o trabalho sofrido. É a fé no interior do Brasil”, explica.

Alexandra já pensa no segundo título, apesar de ainda não ter decidido nada. “Não tenho pressa, meu disco ainda está engatinhando, espero que ele atinja a maturidade no tempo certo. Desde que gravei Festejos, já recebi mais de 100 canções de diferentes compositores de diversos lugares do Brasil, coisas lindas. Mas ainda vivo e respiro essa festa.”

edit

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