Quando a praça é palco e plateia todos festejam

| 21 de jan. de 2014

(Texto de Zema Ribeiro
Imagens de Naíme Amate e José Raimundo Rodrigues)

(Imagem de José Raimundo Rodrigues)



A lua cheia já enfeitava o céu quando a cantora surgiu ao longe, sentada numa carroça, batizada de Mironga de Madá (alusão a Mironga, de Paulo César Pinheiro, e Bisavó Madalena, parceria dele com Wilson das Neves, músicas do repertório do disco de estreia). O condutor do veículo, que percorreu a lateral da Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, guiava o jumento a pé. Dali ela acenava aos fãs, que aguardavam sua subida ao palco após a apresentação do Cantinho do Choro, misto de grupo e projeto que vem ocupando já há algum tempo a praça Gonçalves Dias nos fins de tarde de sábado.


Por detrás do palco, todo enfeitado e florido como a carroça, a bela paisagem da Ponte do São Francisco por sobre a maré cheia e o outro lado da capital, a São Luís vertical, a cidade nova. Um amigo me perguntou quem estava bancando a festa. A vontade de fazer música, de formar plateias, de fazer a arte circular. Em termos de patrocínio, respondi-lhe, os bolsos da cantora e do marido, que assinava a direção geral do espetáculo.
Festejos na Praça, o show, ficou no fogo cruzado entre um evento gospel realizado na praça vizinha, a Maria Aragão, e os olhares enfezados dos convidados de um casamento que teria lugar dali a pouco na Igreja defronte – talvez reclamassem da falta de vagas no estacionamento, já que o espetáculo musical em si não atrapalharia padre, noivos e convidados.
Uma plateia expressiva formou-se para ver o espetáculo. Sem um centavo de patrocínio, seja do poder público ou da iniciativa privada, penso que os objetivos foram alcançados e era possível ver a alegria estampada nos rostos dos que deixavam a praça após conferir o resultado.
A cantora já havia afirmado que o lugar de seu show é na rua, é na praça. “Eu ficava incomodada, no Teatro [Arthur Azevedo, onde lançou o disco Festejos em shows 7 e 8 de março passado], de dançar sozinha, vendo as pessoas ali sentadinhas. Eu quero ver o povo dançando junto”, declarou. E viu. E gostou. E vai repetir a dose. Outras praças serão ocupadas ao longo de 2014, antes de ela partir para a turnê nacional, que incluirá o Rio de Janeiro em que o disco foi gravado e outras capitais.
Nas próximas paradas de Festejos na Praça espera-se que o poder público dialogue melhor, entre si e com a Igreja, quando necessário: em logradouros vizinhos não deve haver competição entre eventos, nem para que um atrapalhe o outro, nem para que os frequentadores de outro achem o seu mais importante que o um. Assim se constrói a tal diversidade cultural que adoramos arrotar por aí ao salientar as belezas e vantagens de nossa terra.
O show? Crianças e senhoras se divertiram dançando em frente ao palco, Alexandra Nicolas, escoltada por uma superbanda, mesclou músicas de seu disco de estreia a experimentos, coisas que gosta de ouvir e cantar, talvez (certamente?) já testando repertório para seu próximo disco. Destaque para a participação especial da filha Monique, no trava-língua Coco (Paulo César Pinheiro).



Se você, caro leitor, cara leitora, esteve na praça sábado passado (18), não pense em abandonar a turnê da cantora pela capital: os shows só serão iguais entre si no quesito qualidade. Paisagem, repertório e emoção, cada um, cada um. Quem não esteve, fique ligado: em breve divulgaremos a rota da Mironga de Madá, que carrega em si a própria festa.
edit

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